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Traço Doméstico (TS4)
Propriedade
O conteúdo desta página é de propriedade de MorgaineLeFay. A menos que a edição seja construtiva ou de poucos detalhes, peça permissão ao autor para editar a página.

Trilha Sonora e Observações[]

Traço Musicista Cativante (TS4)
Trilha sonora
O(A) autor(a) separou para você uma música para você ouvir enquanto lê o capítulo!
Breaking Benjamin - The Diary of Jane
(reproduzido automaticamente)

Uma espécie de "parte 2" desse capítulo será acrescentada aqui em dois dias!

O Capítulo[]

Flashback[]

Cada minuto em que não estava nos braços do marido fazia Gisele se arrepender de ter esperado tanto, mas então ele vinha e ela se esquecia de todas as reclamações. Mas não tinha nada para se envergonhar: cumpriam todas as regras de castidade impostas pelo Observador, e, como resultado, não demorou muito até que ela engravidasse.

Don ascendia rápido como médico, agora que se dedicava. E cada um dos dois recebia um bom salário por administrarem o templo e disseminarem a Obra do Observador. Como missionários, foram enviados para Vale Desiderata, onde ocuparam uma casa ampla que era propriedade da Crença Jacobina. Ali nasceram suas gêmeas, Adriana e Bárbara, em pouco mais de um ano de casamento.

Gisele ainda teve mais dois meninos, com dois anos de diferença, e, com seis anos de casamento, esperava seu quinto filho, ainda uma sementinha, naquela tarde em que ensaiava as meninas a cantar no Templo e Don foi preso.

Gisele ouviu a agitação e foi até lá. Aos prantos, agarrou-se aos braços do marido, mas a polícia os separou e o levou mesmo assim. Totalmente vulnerável, a única coisa que ela conseguiu fazer foi ficar ali chorando e consolando as crianças. Foi o pior dia de sua vida.

Gusmão[]

Gusmão teve sorte naquela noite, porque, apesar de ter a cabeça extremamente quente, conseguiu encontrar e entrar em um metrô que ia até Vale Desiderata, onde seu pai morava atualmente. Quando chegou, já eram quase dez horas da noite, e agradeceu internamente por ter-se vestido como um meliante, porque precisou perambular pelas ruas da cidade até encontrar a delegacia de polícia, e ninguém se atreveu a incomodá-lo.

Cassandra não era sua mãe, Beto não passava nem perto de ser seu pai, e ele não era um Caixão. Precisava encontrar-se com seu único parente de sangue vivo e não absolutamente "do mal" como Dina. Precisava de respostas, e por isso foi até o pai. Quando saiu, ouviu Cassandra trancar a porta - já esperava por isso, ela jamais permitiria que ele voltasse, e uma parte de si se entristecera. Mas nada importava, porque precisava seguir em frente.

Foi encontrar Don Lotário sentado em um banco do lado de fora da delegacia, depois de andar bastante. Não sabia exatamente como começar a conversa, então sentou-se ao lado dele, e só então o pai percebeu sua presença, assustando-se.

AGM Cap 28 7

- Meu filho!
- E aí...
- Falta de provas! Fa-falta de provas. Eu fui liberado.
Don Lotário estava abatido e suas mãos tremiam.
- O que aconteceu?
- A polícia me pegou por ter matado a Laura, a sua mãe, todo mundo.
- A minha mãe?
- Sim, por violação de dev... a Nina, Gusmão.
- Ah.
- E você, o que aconteceu?
- Vim ver como você estava. - Pareceu a maneira mais simples de dizer, embora não fosse uma declaração pensada com estratégia. Mas quem pensava antes de falar era Cassandra, e não Gusmão. Don ficou surpreso, e o garoto continuou falando, antes que o homem adulto o fizesse. - O que vai fazer agora?
- Agora vou pegar um táxi e voltar para casa. E você, o que vai fazer?
- Eu não sei...
- Você podia vir comigo...
Os olhos verdes do pai, tão parecidos com os seus, estavam limpos, e ele parecia, de certa forma, estar implorando.
- Eu não tenho realmente muitas opções... o que não significa que não tenha nenhuma. Eu vou com você, sim, obrigado, se prometer responder todas as minhas perguntas... sem mentir.
Don Lotário se levantou e estendeu a mão direita.
- Certo, eu prometo. Palavra de escoteiro. - Gusmão estendeu a própria mão e apertou a do pai. - Só venha comigo.

O táxi parou em frente a uma casa imensa, talvez tão grande quanto A Casa das Árvores Caídas, sem o quintal. Era tão iluminada, mesmo à noite, que os olhos de Gusmão doeram. Don abriu a porta e entrou, seguido pelo filho, que viu uma garota bonita se levantar do sofá com um menino nos braços, e encarar Don, incrédula e exultante.

AGM Cap 28 8

A mulher colocou a criança no chão, e então correu e jogou o corpo contra o de Don, que, acostumado ao gesto, a envolveu com os braços. Gusmão fazia a mesma coisa com Polixena, e agora o coração doía mais do que os olhos.

AGM Cap 28 9

- Meu amor! Ah, Don! Meu bem, eu quase enlouqueci! Fui até a delegacia, mas não me deixaram entrar - ela dava pequenos beijinhos na bochecha de Don, a essa altura molhado até o pescoço de lágrimas, e Gusmão não podia ver como reagia. - Eu levei um cobertor, sanduíches, mas eles não me deixaram entrar! O que foi isso tudo, pelo Observador?
- Shh, calma, fique calma. Aquela história de novo... mas eles me liberaram porque não têm provas contra mim, então por enquanto eu fico aqui - ele riu. - mas eu trouxe uma pessoa. Trouxe o Gusmão, finalmente. Filho, venha aqui! - ele acenou para Gusmão, sorrindo. - Esse é o anjo que o Observador colocou na minha vida para me conduzir até seu Manto. Minha esposa, Gisele.

Gusmão havia olhado para baixo até então, mas ergueu os olhos e viu que Gisele sorria para ele. Ela avançou e então envolveu-o em um abraço de urso, molhado de lágrimas e com cheiro de baunilha.

AGM Cap 28 10

- Olá! Finalmente! Eu disse ao Don, não disse, querido? "Você precisa encontrar o seu filho, você precisa trazê-lo para cá..." - "Você disse para ele?", Gusmão pensou. Seria possível que o pai tivesse-lhe procurado apenas porque a esposa pediu? - E finalmente nos conhecemos! Você precisa conhecer seus irmãos! Vai ficar conosco, não é?
- Por uns tempos - Don respondeu.
- Muito bem! Eu fiz jantar, vou chamar as crianças e teremos uma refeição em família!

Gusmão foi apresentado´às duas gêmeas, que diferenciou como "a de tranças" e "a de cabelo solto", e a um bebê de olhos azuis com nome latino, Hermano. Sentou-se com o pai e as irmãs para esperar Gisele os servir - algo que parecia ser o costume da casa. Então, quando estava frente a frente com seu prato cheio, pegou uma porção com o garfo. Gisele o deteve com a mão.

- Não, querido. Primeiro, nós damos graças. Don, quer começar?

Gusmão nunca foi ligado à religiosidade. Os Caixão não acreditavam em nenhuma das doutrinas do Observador, Jacobina ou Peterana, porque tinham, diariamente, acesso a diversos eventos sobrenaturais que as contradiziam.

- Ó, tu, senhor dos Olhos, que observas atentamente o caminho de todos os teus numerosos filhos, ó, tuas poderosas mãos, Senhor, que não permitem que se desviem, nós, teus filhos, dos caminhos que tu predestinaste, gostaríamos de agradecer por este alimento que nos deste, pela força que temos para prepará-lo, o dinheiro para comprá-lo, obtido com os teus dons, ó Pai...

AGM Cap 28 11

- Quero agradecer, também, pela tua justiça ter triunfado, e não ter sido possível imputar contra mim qualquer culpa. Não permita que me condenem por crimes que sabes que não cometi! Obrigado pela vida da minha esposa - Gisele sorriu, emocionada. - Das minhas duas filhas, de meus filhos, Hermano e Flávio, e de meu filho Gusmão - Ele dirigiu um olhar afetuoso a Gusmão, que retribuiu com antipatia. - Que por tua graça reuniu-se conosco neste dia de hoje. Obrigado pelo meu trabalho, pela nossa casa, nosso ministério, e que possamos continuar para sempre exercendo a sagrada Obra, porque há muito trabalho e poucos a fazerem-no! Que Ele ouça! - Don tomou fôlego, enquanto Gisele, imersa em um transe devocional, repetia "Que Ele ouça", e as meninas pareciam meio mortas de sono, fome e tédio.

A família parecia ter combinado de terminarem de comer todos ao mesmo tempo, porque Gusmão surpreendeu a si mesmo com metade do prato cheio e rodeado por pratos vazios, enquanto Gisele se despedia dele com um olhar de desculpas, dizendo "Será que pode me dar uma ajudinha com isso, querido?", enquanto empurrava as duas garotas sonâmbulas escada acima. Don já havia sumido de seu campo de visão. Pelo menos foi aquela a impressão que teve.


Don, seu pai biológico, provavelmente o procurara por pedido de sua risonha e um tanto bizarra esposa. O casal era profundamente religioso, claramente pregadores, e a mulher não parava de dar à luz crianças que não se pareciam com nenhum dos dois. A casa era insuportavelmente clara e seu quarto, minúsculo. A vida que conhecera se fora, substituída por uma coisa muito desinteressante, e ele precisava descobrir quem era. Sentia falta da família adotiva - exceto da mãe! -, não conseguia parar de comparar Frida com aquelas garotinhas e queria abraçar Polixena e chorar como um bebê. Muita coisa para pensar. Gusmão quase não dormiu à noite.

Acordou às sete da manhã, vestiu-se e desceu para tomar café. Don já desaparecera, e Gisele, desesperada, porém sorridente, tentava obrigar as gêmeas a esboçarem qualquer sinal de inteligência ao colocar suas mochilas sobre os respectivos ombros, arrumar fios de cabelo fora do lugar e amarrar cadarços.

- Preciso levar as duas para a escola, e depois vou ao mercado e à igreja para cuidar de alguns assuntos... Gusmão, querido, seria tão maravilhoso se você pudesse dar uma olhadinha nos meninos para mim!

AGM Cap 28 17

Ele meramente acenou com a cabeça, e Gisele disse "Só dessa vez! Obrigada! Desculpe!", ainda sorrindo, enquanto saía trotando com as garotas.

Aprendeu rápido o papel que se esperava dele. Percebeu que Gisele pensava que era sua obrigação contribuir com as tarefas domésticas, já que ia morar com eles, e nesse ponto concordava com ela. Não entendia como ela pudera, sozinha, cuidar de toda aquela casa e das quatro crianças, já que Don era menos presente do que um fantasma. Foi rapidamente convertido no braço direito da madrasta, estando, ambos, sempre ocupados.

Naqueles dias, Gusmão trocou tanto fraldas quanto lâmpadas, aprendeu a usar uma máquina de lavar e a fazer trancinhas, e outros mistérios femininos como os múltiplos usos da água sanitária. Às vezes, as meninas e Hermano chamavam seu nome com a mesma frequência com que chamavam o da mãe, e ele se perguntava se a fé e sorrisos excessivos de Gisele não eram sintomas de psicose adquirida no cotidiano. E o pior de tudo é que cada serviço doméstico era influenciado por Cassandra: aprendera com ela ou a vira fazendo. Quase podia ouvir a voz da mãe adotiva soprando "ponha o bebê para dormir de barriga para cima" ou "feche o registro antes de consertar a pia quebrada" em seus ouvidos quando precisava lidar com essa situações. À noite, deitava-se exausto e sentindo-se despojado da própria personalidade, porque passara de garoto misterioso e excêntrico a uma babá.

Um mês depois de estar ali, deu um ultimato a Don.

- Você me prometeu que responderia todas as minhas perguntas se eu ficasse, e até agora não respondeu nenhuma, aliás, eu mal te vejo.
- Ah! Hã.. bom, é verdade. Eu prometi. Onde quer conversar?
- Tanto faz.
Don o levou a um canto isolado da varanda, onde havia uma mesa e duas cadeiras.

AGM Cap 28 14

- Como você conheceu minha mãe biológica?
- Eu conhecia a Nina desde criança, éramos da mesma cidade. Tivemos um namoro na adolescência, mas a sua tia Dina se meteu, e eu... Gusmão, tem uma coisa que você precisa saber. Eu gostava muito de mulheres, desde sempre. Mas eu fui... o Pai me curou. Eu namorava sua mãe oficialmente, e sua tia, por trás dos panos. Os pais delas descobriram e viram nisso uma oportunidade de tirar dinheiro da minha família, inventaram que Nina havia engravidado e eu a obrigara a matar o bebê. O que, naturalmente, é mentira. Eu fugi da cidade e fui para Belavista.
- E conheceu minha mãe ali.
- Cassandra? Sim. Mas começamos a namorar quando eu tinha 21, e ela 17.
- Você a amava? - Gusmão tinha uma necessidade sufocante de fazer Don admitir que usara Cassandra e a enganara, embora não se sentisse mais no direito de se ofender pelo que fora feito à mãe adotiva. Don abaixou os olhos e pensou muito.
- Não? Nunca?
- Não, a Cassandra era... ela sempre foi... daquele jeito.
- De que jeito?
- Você sabe, estranha.
Mas nós somos iguais, seu babaca, Gusmão pensou.
- Ah, droga, não faz isso, garoto! Ela fazia essa cara, esse olho! E ela nem tinha olhos verdes!
- Desculpe.
- O que mais você quer saber?
- Quando é que a minha mãe biológica entra na história.
- Ah, a Nina... ela apareceu em Belavista com a Dina, estavam morando perto de mim. Dina tinha se casado com o tio materno da Cassandra, mas já era viúva, e Belavista trazia boas perspectivas.
- Meu avô?
- Ele não era seu avô, Gusmão.
- Eu sei.
- Não sei se a Nina sabia que eu estava morando ali antes de se mudar, mas eventualmente descobriu, e então começou a me visitar. No sentido íntimo da coisa.
- Vocês transavam, é isso?
- Isso.
- Então você estava noivo da Cassandra, que não amava, e a traía com a Nina, que era quem você amava de verdade.
- Eu também não amava a Nina. - Gusmão suspirou. Já não olhava nos olhos do pai, porque queria apertar seu pescoço.
- Ela gostava de você?
- Muito. Ela me pediu várias vezes para desistir da Cassandra e ficar com ela, mas eu não podia!
- Por que não?
- Eu estava apaixonado.
Gusmão agarrou a cabeça com as mãos e bateu os cotovelos na mesa com força.
- QUEM você amava então?
- Você sabe essa parte. Eu a conheci aos 22 anos, e ela tinha 38.
- Laura Caixão.
- Na mosca.
Nenhum dos dois falou durante alguns minutos.
- Isso é tudo?
- Não, espera! Bom, e aí vocês ficaram juntos. Você tinha relações sexuais com a minha mãe...
- Com a Dina...
Mas que droga
- Não me interrompa. Tá, com a Nina, com a irmã dela, com a Laura, com a minha m... com a Cassandra, que era virgem...
- Não era mais...
- Tá, e com mais quantas?
- A empregada.
- A empregada??
- Catarina Langerak.
- Cara, assim não dá pra te defender! Simplesmente não dá!
- Ainda bem que você não é...
- O Observador, que enviou a Gisele para te curar. Isso não é engraçado. Mas você tem razão, agradeça de joelhos.
- Você não pode falar assim comigo.
- Só estou dizendo a verdade! Tá, e aí você estava ficando com todas elas, e aí?
- Olhe, não me entenda mal. Eu disse para a Laura que ficaria só com ela, se ela quisesse, mas ela rejeitou a proposta.
- E aí você a matou?
Don franziu o cenho.
- Você sabe que não. Eu não matei a Laura, eu amava a Laura. Você não estaria aqui se achasse que eu sou um assassino.
- Por que você amava a Laura?
- Não sei, ela... ela me entendia. Bom, naquela noite ela disse que não queria mais continuar, se vestiu - ele encarava o horizonte - e saiu da casa. Eu fui atrás dela, mas ela passou pela porta e começou a correr. Foi assim que aconteceu. E me disse pra não me casar com a Cassandra.
- Mas você faria isso.
- Faria. Quase fiz. Porque era a prova que a Cassandra queria de que eu não tinha nada com a mãe dela, ou que não tinha... matado. Você negaria essa prova para a pessoa?
- Sabendo-se que você continuou traindo a Cassandra, sim, eu negaria. Esse argumento é fajuto. O que você fez depois?
- Fiquei esperando ela marcar a data, e ela nunca marcava. E eu continuei vendo a Nina, e, de vez em quando, a Dina.
- Minha mãe sabia?
- Da Dina, não. Ela não teria suportado isso, ela amava sua tia. Sua mãe era muito emotiva, muito doce, muito romântica...
- Você sabia que ela estava grávida?
- Não. Nós tivemos uma briga quando eu disse que não ia ficar com ela, e eu só a vi seis meses depois, no dia do casamento. Calculo que ela estivesse com três meses quando brigamos.
- Teria ficado com ela se soubesse?
Don olhou para os próprios joelhos.
- Eu precisava me casar com a Cassandra.
Gusmão quase bateu nele. Uma vez, no começo do ensino médio, um cara convidou Polixena para praticar atos impronunciáveis, e Gusmão partiu o nariz dele em pedacinhos. Queria fazer a mesma coisa com o pai.
- Minha mãe me queria?
- Eu não tenho como saber, Gusmão, mas imagino que sim. - Imagino que sim... - Olhe, eu já disse tudo. Eu abri o meu coração. Espero que tenha valido a pena.
Gusmão se levantou e, dando de ombros, respondeu:
- Como é que eu poderia saber?

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